bandejaofm.com

Será que as universitárias realmente se vestem iguais?

(Foto\Créditos: Isadora Coelho)

Por Isadora Coelho e Lorenna Soneghetti

Editado por João Guimarães

Na realidade atual cada vez mais acelerada em que vivemos, pode parecer irrelevante falar sobre roupas. Entretanto, ao adentrar na faculdade isso acaba tornando-se uma pauta complexa. No ensino médio, nós ficamos angustiadas com a ideia de ter que usar um uniforme como todo mundo, fazemos o possível para “burlar” as regras de vestimenta do colégio. Porém, quando chegamos na faculdade, tudo o que queremos é vestir jeans e uma blusa básica todos os dias. Esse fato duvidoso tem gerado o seguinte debate: Por que universitárias se vestem todas iguais?

Foto: Vídeo falando sobre vestimenta de universitárias viralisou nas redes sociais. (fonte: reprodução/tiktok)

Ao questionar na Ufes se “as universitárias se vestem todas iguais”, é notável que essa frase diverge opiniões entre os estudantes. A estudante de administração Laura Ahnert afirma que cada centro possui um padrão de vestimenta criado pelos próprios alunos. A fala de Laura se confirma com o que a estudante de educação física Luísa Gomes relata: ela utiliza de um estilo de roupa mais esportivo, em razão das  aulas práticas que seu curso possui, e as colegas de curso dela se vestem de forma parecida.

Para tentar responder essa pergunta, é preciso olhar além da vestimenta. O ensino médio é um momento de autodescoberta, onde procuramos um lugar no mundo, por isso, essa necessidade de “burlar” os códigos de vestimenta faz todo sentido. No entanto, quando ingressamos na faculdade, nos deparamos com uma rotina muito diferente: aula, estágio, projeto de extensão, reunião, academia… E todas as outras mil tarefas que mulheres jovens e estudiosas fazem. Nesse momento, a necessidade de conforto ultrapassa a necessidade de estilo. Mas será que estar confortável é sinônimo de estar ‘fora de moda’?

A necessidade de passar muito tempo fora de casa leva as universitárias a priorizar um certo tipo de vestimenta, visando mais o conforto, assim como relata a estudante de história da Ufes, Maria Eduarda Monteiro: “eu passo pelo menos 10 horas do meu dia na Ufes, eu passo o dia inteiro aqui. eu não quero me sentir feia, mas eu sou professora e necessito ficar em pé a todo tempo, então é importante estar confortável”.

No mês anterior, 22 de maio, quinta-feira ocorreu o Baile da amfAR, em Cannes. O evento chamou atenção por um vídeo da atriz Marina Ruy Barbosa viralizar. Nesse vídeo, é possível notar que, apesar do “carão” de Marina, os braços dela estão roxos, como se estivessem sem circulação de sangue. Ao ser questionada, a atriz conta que o motivo dos braços arroxeados era um vestido da Balmain que pesava cerca de 15kg. “Esses estilistas não pensam na usabilidade e conforto na hora de produzir uma peça?” questiona um internauta do X.

Foto: Marina Ruy Barbosa viraliza ao usar vestido extremamente pesado. (Fonte: reprodução/@babados)

Saltos de 30cm, vestidos de areia… Marina não foi a primeira e nem será a única que irá “dar o sangue” para a moda. O estudante de sociologia e produtor de moda Yago Falcão relata que o conforto na moda tem aumentado em comparação com o ínicio da moda, especialmente por causa dos movimentos feministas. Porém, ele ressalta que o conforto masculino sempre foi priorizado em detrimento ao conforto feminino. Muitas de nós ouvimos a famosa frase “a beleza dói”, certo?

Ao reparar no desconforto que as celebridades passam em nome da moda, é possível criar uma hipótese sobre o julgamento da vestimenta das universitárias: qualquer coisa que priorize o conforto e a praticidade feminina é subjugada. Saltos baixos? Coisa de velha. Métodos contraceptivos? É mais fácil só “fechar as pernas”. Coletor menstrual? Que Nojo! Tudo que é feito pensando no corpo feminino e suas necessidades possui um fundo de julgamento e desvalorização. Afinal, uma mulher desconfortável não consegue pensar sobre o mundo ao seu redor porque está muito ocupada com aquela calça que aperta quando come, ou aquela blusa em que a alça vive caindo, certo?

Respondendo a pergunta do título: Não, universitárias não se vestem iguais. De maneira prática, a “base” dos looks pode ser a mesma: blusa, jeans e tênis. Mas cada uma possui a sua individualidade: Um chaveiro de porquinho, um brinco de cigarro, um boné escrito “artista”. E se nós realmente usamos roupas iguais, qual o problema? Somos jovens, vivendo no mesmo lugar e passando pelas mesmas coisas. No final, existe algo meio poderoso em ser mais ou menos igual a sua colega de universidade, quase que um pacto secreto: a menina que você esbarra no centro acadêmico do seu curso com a roupa exatamente igual a sua também faz um curso mais ou menos parecido com o seu, passa mais ou menos a mesma quantidade de tempo que você fora de casa e, assim como você, está se descobrindo e aprendendo como viver de maneira tolerável sendo mulher no Brasil. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *