Entre as ações promovidas por elas estão arrecadação de roupas, alimentos e concursos em escolas

Por Maine Pinheiro e Sara Havana 

O Núcleo de mulheres Sicoob Coopermais foi pioneiro no ramo de crédito. Foto: Reprodução/Sicoob Coopermais.

A participação feminina no mercado de trabalho no Brasil cresce ano a ano. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra por Domicílio (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2023 se destacou com mais de 43 milhões de mulheres empregadas, cerca de 1,65% a mais em relação a 2022. Nas cooperativas capixabas, o cenário se repete: as mulheres já são 59,4% do total de colaboradores, 40,4% dos cooperados pessoas físicas e ocupam 51,2% dos cargos de gestão e liderança, de acordo com o Anuário do Cooperativismo Capixaba 2023.

Os núcleos femininos nas cooperativas surgem como um espaço para fortalecer a participação das mulheres e promover os princípios cooperativistas, aliado ao empoderamento feminino. Um deles é o Núcleo Feminino Sicoob Coopermais, em Santa Maria de Jetibá, que uniu mulheres com o objetivo de gerar impacto para a comunidade local. Entre as participantes do núcleo, 40% são aposentadas. 

Liderança feminina é destaque no cooperativismo. Arte: Sara Havana.

O núcleo surgiu em 2015 e foi pioneiro nacional no ramo de crédito. Juntas, mais de 20 mulheres dão vida a ações como arrecadação de cestas básicas, roupas, revitalização de espaços da cidade, campanhas de conscientização sobre o câncer, além de representarem a comunidade nas reuniões da Câmara Municipal e em eventos da cidade. 

A organização do Sicoob Coopermais acredita que as aposentadas, por terem mais tempo livre, são mais propícias a se envolver em ações de voluntariado para fortalecer os laços com a comunidade e exercer sua cidadania. Outra peculiaridade da composição desse núcleo feminino é a forte presença de ex-profissionais da educação, que se destacam em ações didáticas, como um concurso cultural feito nas escolas da região. 

Cooperadas buscam retorno social

Para Suely Candeia, especialista administrativo do Sicoob Coopermais, o engajamento nas ações do núcleo é fruto de uma vontade de retribuir às comunidades da qual fazem parte. “A motivação das mulheres, nesse caso, não seria o empoderamento em si, e sim a oportunidade de fazerem iniciativas pela comunidade. Eu acredito que a principal motivação seja ter no núcleo um meio de poder fazer a diferença”, declara.

Ao longo do ano, as cooperadas promovem diversos eventos sociais. Foto: Reprodução/ Sicoob Coopermais.

Ouça o relato de Suely Candeia e conheça o Núcleo Feminino Sicoob Coopermais:

O cooperativismo é uma ferramenta de inclusão para todos. Edição e arte: Sara Havana.

Experiência que vai além da cooperativa

A empresária e coordenadora do Núcleo Feminino Sicoob Coopermais, Delair Maria Corona, 61, é uma das aposentadas que fazem parte do núcleo. Por 23 anos, ela teve contato direto com os princípios e modo de trabalho cooperativista, enquanto trabalhava na Coopeavi, atual Nater Coop. 

“O cooperativismo me deu muito incentivo, muitos cursos, muitas coisas que me serviram de experiência. Até hoje eu gosto de ficar engajada nessas coisas, de fazer cursos, palestras, me capacitar para me ajudar a sempre crescer mais”, comenta.

Para a empresária, os conhecimentos adquiridos no cooperativismo fizeram com que ela se sentisse confiante em sair do seu emprego e assumir uma empresa majoritariamente masculina após um divórcio. “Pra mim nem foi tão difícil, porque eu aplico na minha empresa todos os princípios de como trabalhar numa empresa e eu aprendi muito com eles”, explica.   

Mesmo aposentada, Delair segue administrando a empresa e pretende continuar transmitindo os princípios aprendidos no cooperativismo para seu negócio. “Eu não quero parar de trabalhar. Até quando eu conseguir me manter no mercado de trabalho, eu vou me interessar em ficar”, afirma.

Saiba mais sobre esse caso: 

Liderança inovadora não depende de idade ou sexo. Edição e arte: Sara Havana. Texto: Maine Pinheiro.

Reforço da cidadania

Histórias como essas ilustram que o modelo cooperativista é também uma ferramenta para uma sociedade mais democrática e igualitária para pessoas de todas as idades. O cooperativismo, aliado à força dos núcleos femininos, mostra que a contribuição das mulheres não tem prazo de validade.