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UMA REVIEW DE PAST LIVES e um pouco mais (de mim)

Por Hudson Firmino

Antes de começar a review propriamente dita, eu vou contar um pouco de como algumas decisões e vivencias também, acabaram por tornas muito especial não só o filme, mas como ele se conectou comigo. Desde quando eu descobri em 2023 que a A24 ia lançar um filme e eu vi a premissa eu decidi que não ia assistir por hipótese alguma, por que eu sabia que eu ia me debulhar em lagrimas e ficar por semanas pensando no filme, na vida e em como o amor machuca (geralmente), e assim eu adiei e adiei, e assim foi passando o tempo, eu me esquivando de todos os spoilers, e toda a chance que tinha eu arrumava uma desculpa e continuava nessa jornada de adiar, até que (sim eu vou ser muito nerd agora) fui olhar meu Letterboxd e percebi que falta uma review pra completar 100 no app, oque eu achei interessante e quis que o filme 100 fosse especial e junto eu faria a maior review que já escrevi até então… dito isso… eu escolhi assistir, enfim, Past Lives e fazer desse momento um pouquinho mais especial. E com isso, aqui está a minha review de Past Lives, o filme que me fez enxergar o amor e as minhas relações de outra forma.

“⁠Ocorre um “In-Yun” se dois desconhecidos se cruzam na rua, e sem querer esbarram um no outro. Porque significa que houve algo entre eles em suas vidas passadas. Se duas pessoas se casam, eles dizem que é porque já havia 8 mil camadas de “In-Yun”. De 8 mil vidas passadas.”

Pra simplificar vou dividir em 3 tópicos, porque quero contar como cada um desses personagens conta essa história e a relação que eu acabei sentindo com cada um.

Na Young / Nora Moon

E impressionante ver o quanto ela é certeira e convicta nas decisões que toma, mesmo balançando as vezes ela segue segura de tudo, e a cada atualização que temos ela cresce e apresenta as nuances que a vida adulta em outra cultura traz. E ver ela passando de uma menina chorona que fica indignada por ficar em segundo lugar em uma prova, para uma mulher que é tão segura de si, das suas decisões e do seu entorno, e algo gratificante demais. Como ela mesma diz para ao Hae Sung “aquela garotinha que você conheceu, ela não está aqui, mas ela existiu”, ela foi aquela garota, ela foi aquela mulher que teve que tomar a decisão de não falar mais com ele para o bem dela e do futuro que ela queria construir na américa, me parece tudo tão palpável, e são essas pequenas nuances que me fizeram amar essa personagem. Nora Moon nunca ficara desabrigada pois sempre terá um apartamento com cobertura gigante na minha mente.

A verdade que aprendi aqui é que você teve que partir porque você é assim. E eu gosto de você como você é. E você é alguém que vai embora.”

Arthur

Tento de varias formas começas esse tópico sobre o Arthur, mas eu não consigo, parece que vai ser injusto. Arthur dos três, e o que mais me passa uma proximidade, todos os diálogos que ele tem são pontuais, as expressões, fica evidente o quanto a Nora e grande na vida dele e o quanto as inseguranças estão ali, mas mesmo assim ele se mostra o ser humano mais compreensível do mundo, ele sabe que não adianta, não tem o que ele possa fazer a não ser continuar sendo oque ele já é, um abrigo para Nora, um parceiro, a sinceridade que os dois tem entre si e para as situações que acontecem, fica evidente que não e perfeito, mas oque nesse mundo é? Então de novo é tão palpável essa dinâmica. Me vejo falando vários dos diálogos dele, inclusive já disse alguns, e bate diferente você do nada ver alguém falando algo que você também sente ou já sentiu, e nesses momentos que o filme me ganhou, nesses detalhes e individualidades que cada um desses personagem tem (principalmente o Arthur), vejo ele forte, mesmo tendo a possibilidade da pessoa que faz o mundo dele fazer sentido ir embora.

Você engrandece tanto minha vida. E eu me pergunto se faço o mesmo por você.”

Hae Sung

Faria o mesmo, sem sombra de dúvidas. Apesar das desventuras que permeiam o “casal” Hae Sung e Na Young, ver que ele teve certas chances de talvez mudar o que hoje é imutável, todos esses “e se…”. o pensamento final dele de finalmente vir a perguntar a ela, de externar os pensamentos de como seria se eles tivessem tomado algumas decisões diferentes, mas ao mesmo tempo pensar que se isso tivesse acontecido eles daquele exato momento não seriam os mesmos, tanto de sentimento, quanto de realização profissional e pessoal também. Fica o sempre o sentimento de querer ver essa realidade para ter um pequeno gostinho de como seria, mas também não da pra não pensar nas tristezas e incertezas que essa realidade também traria.

Ele se diz forte mentalmente, e realmente tem que ser para aguentar passar por todo esse processo de anos e anos de busca, para finalmente encontrar, manter contato, ter alguns planos e pequenas deixas, para perder tudo de novo e depois de anos voltar a encontrar, mas que dessa vez tem uma questão limitadora. Hae Sung, me aproximo, pois, as incertezas de um “e se” me prendem muito em pensamento, e esses pensamentos não são fáceis de lidar, pois na involuntariedade da vida, esses momentos que te cercam talvez sejam a única coisa que te faça ser.

“⁠E se está também for uma vida passada, e nós já formos algo além um para o outro na nossa próxima vida? Quem acha que somos?”

Conclusão: essa não ta sendo uma review muito acadêmica, acabei colocando muito de mim nela por que esse filme me fez reviver e sentir certas coisas que o tornaram muito especial, esses personagens me passam um sentimento muito único, parece que eu posso ta no busão e simplesmente cruzas com historias assim por ai simplesmente porque é muito real. Past Lives me passa um sentimento de conforto e ao mesmo tempo me faz chorar por pura semelhança, me deixa feliz e depois me da um soco na barrica porque a vida e isso ai mesmo. Eu odeio “e se”, e um karma na minha vida isso, parece que uma perseguição, e é inacreditável que os romances que eu mais amo atualmente tratem de um gigantesco “e se” e junto varias situações de falta de dialogo ou de atitude mesmo, nunca imaginaria que aconteceria isso, mas Past Lives e de longe uma das melhores surpresas que eu tive nos últimos tempos, se ainda não viu ou está enrolando como eu fiz, VEJA.

⁠” Se você deixa algo para trás, você também ganha algo.”

E antes de acabar…

Acho que você está lendo isso agora porque querendo ou não eu te conheço, você sabe que eu penso demais, e que não tenho o dom da palavra, mas você ainda pensa em nós? Pensa no nosso e se? Tenho varias perguntas, duvidas que talvez sejam banais a essa altura do campeonato, mas e se a gente tivesse continuado? E como esse e se não é o meu forte, o que nós somos hoje?”

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