Um pouco sobre Neymar, eu e o futebol
Por Victhor Thomé
O ano era 2011 e o Victor de 8 anos que adorava jogar futebol e era rubro negro desde que se entendia por gente, tentava agora criar um gosto pela prática de assistir o esporte. A questão era que até aquele momento não havia muita paciência, pois os jogos eram muito longos e a criança tinha energia demais para ficar pregada em frente a TV atenta ao que o Flamengo de Williams, Thiago Neves e Ronaldinho queria aprontar.
Tenho vagas memórias de partidas que realmente assisti quando pequeno, como um Flamengo e Palmeiras onde um Vagner Love de tranças verdes (jogando no Palmeiras!) perdia um pênalti contra o rubro negro que eventualmente venceria o jogo, ou a final de um carioca entre Flamengo e Vasco que foi para a decisão por pênaltis e apenas o Alexsandro, o Alecgol que na época era cruzmaltino, converteu sua cobrança. Flamengo campeão e grande festa mais uma vez.
Mas se por um lado os jogos do Flamengo eram complicados de assistir para o Victor de 8 anos, havia um time que era especial. Quando estava na TV, a criança que amava jogar futebol não conseguia tirar o olho de um tal de Santos. Time alvinegro, paulista, que para um menino que pouco sabia de história não tinha nada haver com o Flamengo, mas tinha um jogador especial, Neymar.
Muitos podem dizer que o Santos era fantástico como um todo, tinha Ganso, Danilo, Borges, Elano e muito mais. Mas a grande verdade é que o time era Neymar.
Um moleque de 18 anos verdadeiramente avassalador, com dribles desconcertantes e inventivos, criatividade no passe, finalização e uma personalidade que só os grandes campeões carregam consigo.
E lá em 2011 eu lembro de muitas coisas do Ney, era golaço contra o Galo driblando todo mundo, passeio no Internacional driblando meio time, golaço e dancinha contra o Cruzeiro, a ousadia e alegria corria livre leve e solta pelo futebol brasileiro.
E não atoa, todo mundo viu no que deu. Santos campeão da Libertadores com Neymar destruindo tudo e um Brasil absolutamente encantado. O pessoal na escola fazia o moicano de gel, as chuteiras verdes dele eram as mais cobiçadas, as músicas que ele dançava faziam sucesso. Todo mundo queria ser, e quem não queria tava errado.
E em um fatídico dia que me lembro muito bem, o Flamengo tomou uma bela porrada de 4×0 para a LA U de Jorge Sampaoli (incrível…) e o pequeno Victor que estava aprendendo o que era a vida, disse que ia virar santista, porque lá tinha Neymar, e nós nada.
Jeferson, rubro negro doente também conhecido como meu pai, foi dormir com cara de poucos amigos pela derrota séria do nosso Mengo, e no outro dia foi ao meu quarto e disse que time de futebol era assunto sério, que não se mudava assim não. Fui santista por umas 7 horas, mas aprendi, obrigado pai.
Mas para além do eu criança, percebo que esse era o impacto causado pelo menino Ney. O poder de um jogador absurdo que movia montanhas e multidões para ver seu futebol mágico desfilar, cada caneta, pedalada, chapéu ou drible da vaca simbolizavam algo muito maior que uma jogada plástica. Era futebol para a história, inspiração.
O que se sucedeu depois todo mundo viu, Champions pelo Barcelona e MSN, gol mais absurdo que já vi em vida (deixo abaixo minha humilde opinião), ida ao PSG com mais baixos do que altos , Copas do Mundo tristemente fracassadas, vocação pra subcelebridade e agora… Al Hilal e uma pequena faísca do que já foi, parece impossível que faça 5 jogos em sequência.
Como um lindo pássaro que uma vez voou e voltou com um bico de ouro e uma asa quebrada, Neymar pode agora retornar ao Brasil e recuperar esse encanto que foi perdido por uma grande massa de brasileiros , que viram menos ou até nada do menino, e mais do suposto adulto e subcelebridade Ney.
O futebol é do povo e jogado pelo povo, humanos de personalidades muito complexas já criaram histórias inesquecíveis que enchem de alegria o coração de BILHÕES ao redor do mundo. E se na história Neymar é um entre um mar de craques e personas, em solo brasileiro ele brilha diferente, nem que seja pra resenhar no carnaval. Mas assim espero. Que volte, jogue demais e transmita sua alegria no futebol para estar conosco em 2026.
Texto para o meu amigo Vicente, que sonha com Neymar no Flamengo.