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Carmilla: A história da primeira vampira

Por Isabella Oliveira

Carmilla – a Vampira de Karnstein foi publicada na revista londrina The Dark Blue em 1872, a obra gótica foi escrita pelo autor irlandês Joseph Sheridan Le Fanu e é considerada uma das primeiras ficções a retratar um vampiro, que nos dias atuais é uma figura tão conhecida. 

A edição feita pela Editora Pandorga apresenta diversas ilustrações, curiosidades sobre a obra e o autor, além de trazer como conteúdo extra o conto O Vampiro, de John William Polidori.

Todavia a vida e a morte são misteriosos estados, e nós sabemos muito pouco sobre os recursos de cada uma delas

A história é narrada pela jovem Laura, que vive com seu pai em um castelo isolado, ela tinha uma vida tranquila até presenciar um acidente de carruagem. Após este acontecimento, Carmilla é acolhida pela família e logo ela e Laura se tornam amigas.

A amizade entre as duas se aprofunda, marcada por momentos de intimidade e uma forte conexão emocional. Entretanto, há uma atmosfera de mistério e medo, especialmente quando surgem rumores de mortes inexplicáveis na região.

Conforme a narrativa avança, Laura começa a sentir-se fraca e doente, enquanto sua nova amiga exibe comportamentos estranhos e intrigantes, mesmo assim, ela se torna cada vez mais consumida pela influência de Carmilla, até que a verdade sobre sua natureza predatória é finalmente revelada.

A obra antecipa várias convenções do gênero vampírico, apresentando o vampiro como uma figura enigmática e sedutora, além de incluir a ideia de que os vampiros podem ser tanto predadores quanto vítimas, algumas dessas características inspiraram Bram Stoker para escrever Drácula.

Laura e Carmilla 

A relação entre Laura e Carmilla é complexa e carregada de nuances que abrem espaço para a interpretação de que elas poderiam ser vistas como um casal. Desde o início, a atração entre as duas é evidente, marcada por momentos de intimidade emocional e física. 

“Você é minha, e será sempre minha, você e eu somos uma para sempre.”

A personagem Carmilla representa um desafio às normas sociais da época, especialmente em relação à sexualidade feminina. O que permite a Laura explorar sua identidade e desejos de maneira que, de outra forma, seria impensável no contexto vitoriano, onde a expressão de sentimentos entre mulheres muitas vezes era restringida. Além disso, a dinâmica de poder na relação das duas explora desejo e medo. Enquanto Carmilla é a vampira dominante, Laura se sente tão fascinada quanto amedrontada. 

O Vampiro

O Vampiro, de John William Polidori, é apresentada no final do livro, a obra é considerada uma das primeiras obras de ficção sobre vampiros e teve um papel fundamental na popularização do gênero. O enredo gira em torno de Lord Ruthven, um aristocrata sedutor e enigmático que se revela ser um vampiro, ele encanta as pessoas ao seu redor, especialmente a figura do jovem protagonista, Aubrey. 

Ruthven é um personagem fascinante, que encarna muitos dos estereótipos do vampiro: ele é elegante, charmoso, mas também manipulador e predador. À medida que Aubrey se envolve com Ruthven, ele se vê cada vez mais preso a um ciclo de morte e destruição que o vampiro deixa em seu rastro. 

Carmilla é uma obra precursora da temática de vampiros, considerada por muitos críticos como a melhor do século XIX, pela maneira como trabalha o suspense e o erotismo. Ela não apenas influenciou obras posteriores, como Drácula de Bram Stoker, mas também abriu caminho para uma representação mais complexa e multifacetada do vampiro na literatura, além de trazer protagonismo feminino para o gênero. É uma leitura essencial para quem gosta do gênero gótico e para aqueles interessados na formação da literatura de terror.

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