Por Nathalya Reis
Após ser injustiçado no Oscar, Walter Salles retorna 25 anos depois com o filme “Ainda Estou Aqui” como uma tentativa de representar o Brasil novamente na premiação. O longa-metragem, marcado para estrear em 7 de novembro nas salas de cinema brasileiras, foi selecionado em decisão unânime pela Academia Brasileira de Cinema como candidato oficial a disputar uma das cinco vagas de indicações na categoria melhor filme internacional na 97º edição do Oscar Awards que acontecerá no dia 2 de março de 2025.
Para concorrer na categoria, os países puderam submeter seus melhores filmes até o dia 2 de outubro. Os longa-metragens elegíveis serão votados pelos membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) e uma lista com os 15 pré-finalistas será divulgada em 17 de dezembro, sendo que apenas um mês depois, no dia 17 de janeiro, saberemos oficialmente quais serão os cinco indicados. Contudo, analisando o cenário cinematográfico internacional, filmes como “Emília Perez” da França, “The Seed of the Sacred Fig” da Alemanha e “Kneecap” da Irlanda se destacam como possíveis candidatos a receberem uma indicação e prometem dar trabalho ao Brasil na corrida pela vaga.
Entretanto, nosso país não fica para trás com o filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido pelo majestoso Walter Salles, que vem repercutindo e sendo aclamado pela crítica internacional nos maiores festivais de cinema do mundo como Cannes, Toronto, San Sebastián e Nova York. Após sua exibição no Festival de Cinema de Veneza, o filme foi aplaudido por cerca de dez minutos ininterruptos pelo público, além de ser premiado com a Osella de Ouro de Melhor Roteiro ao fim do evento.
A obra é uma adaptação do livro de Marcelo Rubens Paiva que conta a história real de sua mãe, Eunice Paiva, uma socialite que se torna ativista de direitos humanos após o desaparecimento de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, pela ditadura militar. Escolhendo não abaixar a cabeça, a advogada é obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para seus cinco filhos e para si mesma. A trama ambientada no Rio de Janeiro dos anos 70 é estrelada por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que interpretam a mesma personagem em diferentes fases da vida, e pelo ator Selton Mello.
Por interpretar uma protagonista complexa, Fernanda Torres vem sendo aclamada pela crítica por sua excelente atuação e é apontada como uma possível candidata ao Oscar de Melhor Atriz, sendo um dos nomes indicados na lista de previsões de veículos internacionais como Deadline e The Hollywood Reporter. A atriz ainda será homenageada por sua performance em “Ainda Estou Aqui” na Latino Celebration, prêmio dado a destaques latino-americanos do cinema pelo Critic Choice Awards, no dia 22 de outubro.
Impossível não lembrar da polêmica 71º edição do Oscar de 1999, quando o clássico filme “Central do Brasil”(1998), dirigido também por Walter Salles, foi indicado ao Oscar nas categorias Melhor Filme Estrangeiro (equivalente a Melhor Filme Internacional) e Melhor Atriz para Fernanda Montenegro, se tornando a primeira produção cinematográfica brasileira a ser indicada na premiação. Diante deste cenário, o Brasil apresenta novamente grandes chances de ter seu cinema representado num dos mais importantes eventos de cinema do mundo.
São muitas as expectativas para as indicações de Melhor Filme Internacional, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Diretor e Melhor Atriz para Fernanda Torres que, se vencer, poderá vingar a mãe 25 anos depois. Levar uma estatueta para casa será, além de um momento histórico para o nosso país, um reconhecimento em âmbito internacional do potencial que o cinema brasileiro possui e que é motivo de muito orgulho para a nossa nação. Por isso, o Bandejão recomenda que você apoie o cinema nacional e compareça aos cinemas no dia 7 de novembro para prestigiar “Ainda Estou Aqui”.